Dias seguintes (19 e 20/09)
E Ramón Carlos, o
motorista que levou-me do aeroporto ao hotel estava certo... a capital porteña
está cheia de bolivianos, venezuelanos, paraguaios e peruanos; quase nenhum
deles com trabalho formal, ou quando os têm são varredores de ruas, limpadores
de vitrines das lojas famosas, entregadores de comida em geral e pedintes; a
maior parte se vê que não trabalha; as ruas de compras mais famosas, como a Calle
Florida, Avenida Corrientes, Córdoba, Calle Lavalle e Suipacha estão
abarrotadas de camelôs estendendo seus lençóis pretos nos passeios e colocando
bugigangas a vender; ou vendendo café e churros; uma versão argentina de nossa
25 de Março de São Paulo. Na verdade, nem se pode dizer se é piorada ou
melhorada. Os imigrantes, como em toda a história, buscam garimpar seu espaço
para maior paz e prosperidade. Entre estes que se vê claramente não serem argentinos,
crianças descalças e mal cuidadas; tocadores de flautas indígenas peruanas
competem por cantadores e dançarinos de tango de rua; uma barulheira; dos
argentinos nas ruas, contudo, vê-se também que têm ocupações mais diferenciadas
(um pouco) e oficiais: donos de bancas de jornais e tabacarias, floristas são
os mais comuns que se encontram nas ruas. Como escrevi ontem, estou hospedado a
um quarteirão da Plaza de Mayo, da Casa Rosada e da Catedral de Buenos Aires;
estes estrangeiros vendem até comida para pombos. Domingo, após as atividades
preliminares do congresso fui à feira de San Telmo (umas 18 horas); fiquei me
perguntando como pode caber tanta porcaria numa feira: óculos quebrados, máquinas
fotográficas completamente estragadas, talheres velhos (e nem são de prata...) caixas
de fósforos de hotéis e restaurantes que talvez nem existam mais, navalhas
velhas, escovas de dente usadas, sapatos usados sem o correspondente par, e,
pasme, partes de dentaduras e dentes de implante (“de gente que já morreu”, eu
pensei); nada achei mesmo de fosse interessante para um presentinho; na rádio
de notícias (Continental) em meu mp3, protestos dos comentaristas econômicos
com a alta do dólar no Brasil, que repercute no Peso argentino, e fará da chegada
primavera e verão mais cara aos argentinos para ir a Santa Catarina... além
disso, muitos comentaristas econômicos da mídia em geral criticam o fato de que
a Argentina está por demais dependente do Brasil, em uma relação comercial
deficitária para a Argentina (obviamente, súper-avitária para o Brasil); ouvi
apenas de dois economistas daqui dizerem: “Se a Argentina não comprar do
Brasil, vai comprar de quem? Chineses? Europeus? Nós argentinos é que não temos
nada e precisamos importar; do Brasil ainda é mais barato...”. Isto me pareceu
de bom senso, mas como eu absolutamente nada entendo de comércio exterior, nada
a opinar.
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