sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Cosas de las Crónicas de Buenos Aires III



Continuación en los días siguientes.
Bueno, vamos às notícias do congresso; domingo cheguei cedo ao local da convenção, o Hotel Sheraton; ao redor de 8h30min da manhã. Assustei-me e fui pego de surpresa: achei que facilmente faria meu registro final (já tinha feito o preliminar pela internet); a fila para credenciamento, porém, estava na porta de fora do enorme hotel, e ainda dava voltas e voltas por dentro das instalações (!) como os bonecos de dragões chineses em festas. Muita irritação e bufadas de raiva dos presentes contra os organizadores; o fracasso de logística foi total, total, total. São quase 13 mil participantes (a maior parte psiquiatras), de todos os locais desta pequena bola azul do universo; vi muitas mulheres islâmicas de burca; orientais de todos os tipos de olhos puxados diferentes (sempre rindo e falando como se estivessem brigando...); escandinavos com quase dois metros de altura ao lado de baixinhos da América Central com cara de índio... saí pouco depois das 12 horas; quase 2 horas e meia em uma fila, coisa que nunca ocorreu em um congresso desde que me conheço como congressista (e vou fazer 21 anos de graduação...); troquei muitas idéias com um cara da África do Sul que estava na minha frente da fila, mas o papo sobre psiquiatria não pôde continuar, pois à frente dele havia um argentino, e logo um amigo dele, e logo mais outro, todos rindo e trocando beijos e abraços, sem respeitar filas, e, sem perceber, quase 10 ali... (e como fazemos isto, não?) e mais outro depois; uma autêntica reprodução, como se fossem bactérias vistas ao microscópio, não somente ali, mas se repetindo em outras partes da enorme fila com toda certeza; o tal colega sul-africano começou a ficar revoltadíssimo, e quando vi que o cara queria sair na porrada mesmo com los Hermanos argentinos furando fila, perguntei calma e ingenuamente a ele se queria que o levasse para o atendimento médico do hotel, “apenas para verificar sua pressão arterial...” (falávamos em inglês), mas negou e não quis ir; pelo menos o levei para um café, com a permissão de “Bob” (apelido mental apenas meu) do fulano atrás de nós, outro africano, negrão mesmo, angolano, cabeludo, cheio de colares e mais tranquilo que Bob Marley depois de tragar um baseado; com seu mp3, roupas coloridas e tênis furado; conversamos em um português estranho nestas horas de fila e, pasmem, a dita figura é professor de uma universidade lá em Angola; junto a ele um indiano elegante e perfumado demais com um turbante e uma jóia no topete dele; devia ser um brâmane, pois a maioria dos médicos indianos são brâmanes, mas não ousei perguntar. Depois desta “via crucis”, resolvi voltar ao hotel. O material distribuído pelos US$ 300 de inscrição para os participantes é de um mau gosto atroz e a qualidade lamentável. A tradicional mala que era “até que bonitinha” com bastante material e livros gratuitos (mas nem tanto, foram pagos na inscrição...) foi substituída por algo que parece estas sacolas ecológicas de supermercados grandes do Brasil; enfim, não consegui entrar por mais filas e ver o que ocorreria na semana; cansado, voltei caminhando na direção a Puerto Madero e fui longe até a entrada de “ La Boca”. A confusão no local da convenção lembrou-me o igualmente confuso espaço do congresso brasileiro de psiquiatria que foi em Belo Horizonte, anos atrás. Apesar desses contratempos, assisti boas apresentações nestes dois dias; muitas vezes em pé; das quais valem a pena (embora seja condição não necessária o sofrimento passado). Encontrei Professor Berrios, do Reino Unido, um dos maiores psiquiatras do mundo hoje ainda vivo, e surpreendeu-me que conseguiu distinguir-me na multidão de seu auditório de conferência e foi me dar um aperto de mão (e eu estava somente como um assistente...); fiquei constrangido até, dada a importância mundial dele (mesmo desconhecido para os que estão lendo...). O mesmo posso dizer de ter encontrado novamente com Norman Sartorius, que conheci e junto com pessoas da OMS almoçamos quase durante a tarde inteira também em um inverno na Suíça; e este é “o cara” responsável pela implantação da CID-10 no capítulo das doenças mentais no mundo todo; isto foi em Cranz-Montana no ano de 1996; aconteceu que apresentamos um trabalho no mesmo simpósio (por coincidência) e este o simpático velhinho croata também conseguiu lembrar-se de minha apresentação sobre esquizofrenia em minha pesquisa na época! Que coisa! Mesmo eu estando afastado dos círculos acadêmicos mais importantes... no final do dia da segunda-feira, quase 18h30min, ainda havia grande fila; nem tão grande como no domingo e a manhã, mas não era desprezível.
Enfim, como disse meu amigo Walmor, todo este congresso começou como “um legítimo tango, trágico, mas com momentos de enlevo”.
Desta maneira, creio que um novo congresso da WPA (Associação Mundial de Psiquiatria), vinculada à OMS, na America do Sul será difícil fora do Brasil; do que lembro do anterior e primeiro congresso aqui nas bandas do hemisfério sul, o congresso do Rio em 1993 não houve este problema com organização.

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